sexta-feira, 16 de setembro de 2011

O "Brasil x Argentina" onde o melhor da partida foi um drible

O jogo de ontem entre Brasil e Argentina, cujo placar foi um sonolento 0 a 0, foi um verdadeiro show de horrores para quem teve o desprazer de assisti-lo.
A princípio, a ideia de utilizar apenas jogadores que atuam nos dois países foi interessante no ponto de poder observar jogadores que podem ser úteis no decorrer da jornada rumo à Copa de 2014, porém, a escalação do time titular mostrou a inutilidade que foi a partida de ontem.

Jogadores como Lucas e Oscar, que além de possuírem idade olímpica, são grandes promessas do futebol mundial, ficaram no banco de reservas, enquanto o meia Renato Abreu, de 33 anos e que, com certeza, não estará na Copa de 2014, esteve nos onze iniciais. Outro exemplo desta incoerência foi a presença do lateral-esquerdo Kléber, de 31 anos, durante a partida inteira, enquanto o virtuoso Cortês, sete anos mais novo, esquentava o banco de suplentes.
Enfim, com uma Seleção Brasileira com um meio-de-campo formado por Ralf, Paulinho e Renato Abreu, já era de se esperar um resultado como este.

Apesar do mal resultado, o novo camisa 9 da Seleção Brasileira protagonizou um lance digno de gênio. Depois de uma linda "carretilha" sobre o lateral argentino Papa, Leandro Damião mandou a bola, caprichosamente, na trave. O lance arrancou elogios do treinador argentino Alejandro Sabella e aplausos da torcida adversária, que por sinal lotou o estádio Mario Kempes, em Córdoba.
O drible de Kaneco

O recurso usado por Leandro Damião ontem, para quem não sabe, possui vários nomes como "carretilha", "lambreta" e "carretel", e é uma obra genuinamente brasileira.
O primeiro "carretel" que se tem notícia foi aplicado em meados da década de 60, pelo ponta-direita do Santos, Kaneco. Sua vítima foi o lateral-esquerdo Carlucci, do Botafogo de Ribeirão Preto, em uma jogada que resultou no gol de letra de Toninho Guerreiro. Devido a este lance, Kaneco, que é descendente de japoneses, foi imortalizado como o "inventor da carretilha".

A partir daí, com o passar dos anos, o drible foi cada vez mais utilizado, sendo, curiosamente, a maioria das "lambretas" protagonizadas por brasileiros.
Quem não se lembra do carequinha Fábio Baiano? O ex-jogador de Grêmio, Flamengo, Corinthians, entre outros, era um verdadeiro especialista quando o assunto era realizar a "lambreta". Foi dele a autoria de um dos lances mais bonitos da Libertadores de 2002. No jogo entre Grêmio e Oriente Petrolero-BOL, Fábio Baiano aplicou uma "carretilha" humilhante em seu marcador que, estabanado, terminou no chão. Na continuação da jogada, Rodrigo Mendes empurrou para as redes. Porém, o gol foi um mero "detalhe" perto da incrível jogada do meia.
Obviamente, há casos de jogadores de outros países que tiveram a personalidade de arriscar este drible. O mais famoso deles arriscou, justamente, contra o Brasil.
O turco Ilhan Mansiz, durante o jogo de estreia da Copa do Mundo de 2002 contra o Brasil, ousou ao aplicar este drible em ninguém menos que o lateral-esquerdo Roberto Carlos, em um lance que ficou mundialmente famoso.

O próprio Leandro Damião já havia realizado a "carretilha" neste ano. No jogo contra o Juventude pelo Campeonato Gaúcho, o artilheiro do Brasil deixou o adversário a ver navios ao realizar o drible.
Neymar também é outro que, seguindo à risca seu lema "ousadia e alegria", arriscou o drible pra cima do zagueiro Léo, do Cruzeiro.

Em um mundo onde a força física e a tática estão se tornando mais importantes que o talento e a habilidade, dribles como esses se tornam cada vez mais raros de se ver, entretanto, exemplos como Leandro Damião e Neymar demonstram que a ideia que Kaneco teve há mais de 40 anos, não irá desaparecer tão cedo.

Nenhum comentário: