quinta-feira, 15 de abril de 2010

Entrevistas - Rapha (Trentino)

Ser eleito o melhor levantador do Mundial de clubes vestindo a camisa da mais renomada equipe de vôlei da atualidade é uma tarefa para poucos. Coube ao brasileiro Rapha, de 30 anos, desfrutar dessa glória em sua primeira temporada no Trentino, da Itália, em 2009. Prestes a disputar as semifinais do campeonato nacional da Velha Bota e da Liga dos Campeões, o atleta afirma que esperava ver seu nome na última convocação do técnico da seleção brasileira Bernardinho após suas recentes conquistas.

Revelado no período áureo do Banespa (atual Brasil Vôlei Clube), Rapha chegou ao vôlei italiano em 2006, para jogar no Vibo Valentia. Menos de três temporadas depois, foi contratado para ser o motor do Trentino, uma espécie de Barcelona do vôlei.

Figura esporádica na seleção vice-campeã olímpica em 2008, o jogador enseja voltar ao Brasil depois de seus dois anos de contrato com a "máquina de Trento". Mas lamenta a fase de sua ex-equipe, que ameaça fechar as portas devido à crise financeira e à falta de patrocinadores. O clube de São Bernardo do Campo perdeu para o Montes Claros na última terça-feira, foi eliminado da Superliga Masculina nas quartas de final e aguarda, dolorosamente, a definição de seu futuro.

Em entrevista exclusiva à GazetaEsportiva.Net, o atleta comenta o seu momento especial, fala de suas relações com Bernardinho e admite alimentar esperanças de disputar as Olimpíadas de Londres/2012.

GE.Net - O ano de 2010 foi marcado pela volta de vários ídolos ao Brasil (Giba, Rodrigão, Gustavo e Marcelinho no Pinheiros/Sky, por exemplo). Você espera continuar na Europa por mais quanto tempo? E, em um eventual retorno, você tem um clube em especial?
Rapha
- Tenho mais dois anos de contrato aqui com o Trentino, depois disso gostaria muito de voltar para o Brasil, mas ainda é muito cedo para pensar em times.

GE.Net - O Brasil Vôlei Clube (ex-Banespa) está passando por dificuldades financeiras e pode fechar as portas. O que você acha disso?
Rapha
- Fico muito triste de ver o time em que comecei a jogar aos 13 anos, e que vesti por dez anos a camisa, terminar desta maneira. Vou lembrar para sempre do Banespa e espero que essa situação se reverta. Pois, o Banespa sempre foi um grande criador de grandes atletas para o vôlei nacional.

GE.Net - Pela seleção brasileira, você foi campeão da última Liga Mundial (2009), no entanto não figurou entre os 22 convocados da última pré-lista de Bernardinho. Qual sua relação com ele? Você acha que tem espaço na seleção?
Rapha
- A minha relação com o Bernardinho é boa e muito profissional. É claro que depois de uma temporada em que ganhamos o campeonato mundial, em que fui eleito o melhor levantador, e a Copa Itália, eu esperava ser convocado, mas infelizmente não foi dessa vez. Continuo trabalhando ainda mais para quem sabe estar em uma futura convocação. É sempre uma honra e um prazer vestir a camisa da seleção brasileira.

GE.Net - Qual sua relação com o Ricardinho (jogador do Treviso, da Itália) e o que você pensa da reconciliação com Bernardinho?
Rapha
- Respeito muito o trabalho de todos levantadores que foram convocados, acho que o Brasil está em boas mãos na posição. Tenho uma relação muito boa com o Ricardo, conversamos muito sempre que nos encontramos. Acho que o Brasil e a seleção só têm a ganhar com essa reaproximação das duas partes.

GE.Net - Você não disputou nenhuma Olimpíada. Continua sendo um sonho representar o Brasil em uma edição? Sua última chance seria em 2012, em Londres?
Rapha
- Jogar uma Olimpíada é o meu maior sonho desde quando entrei no esporte. Gostaria muito de poder participar do grupo em 2012, que talvez será a minha ultima oportunidade.

GE.Net - Em sua primeira temporada no Trentino, você já levou o Mundial, a Copa da Itália e está nas semifinais do Italiano e da Liga dos Campeões. Como é fazer parte de um dos melhores clubes do mundo?
Rapha
- Jogar no Trentino é um orgulho e uma alegria. Aqui na Itália, muitos jornais disseram que há alguns anos não se formava um time tão forte como o nosso. É claro que a responsabilidade aumenta muito com isso, mas também é um incentivo que não nos deixa relaxar nunca.

GE.Net - Quais são suas expectativas com relação ao bicampeonato europeu (as semifinais ocorreriam no último final de semana na Polônia, contudo foram adiadas, ainda sem data definida, em consequência da morte do presidente local)? E como é disputar duas competições importantes de forma simultânea?
Rapha
- As expectativas são as melhores possíveis, o time está treinando bem e estamos muito confiantes. São duas competições muito difíceis, que exigem muito do nosso time, mas é um prazer chegar a essas semifinais. Tive uma contusão que não preocupa, mas fiquei um pouco sentido de ter acontecido logo agora nas vésperas das finais de dois campeonatos importantes - o levantador brasileiro faturou a mão direita no último confronto das quartas de final do Italiano contra o Verona e voltará às quadras no começo do mês de maio. Estou fazendo de tudo para voltar o mais rápido possível.

GE.Net - Para chegar à equipe de Trento você passou duas temporadas no Valentia (esse mais modesto). O vôlei italiano continua muito acima do brasileiro? Quais são as principais semelhanças e as diferenças entre as duas escolas?
Rapha
- A minha passagem pelo Vibo Valentia foi excelente, um time muito sério e que tínhamos um ótimo grupo. Serviu muito para o meu crescimento como jogador e conhecer o voleibol italiano. Hoje posso dizer que estou preparado para jogar em um time como o Trentino. Infelizmente, o campeonato local ainda está acima do brasileiro. A maior diferença é a organização e os ginásios sempre lotados.

GE.Net - O brasileiro começou a ser valorizado no vôlei a partir dos anos 2000. Qual é a principal característica do jogador verde-amarelo no mercado mundial?
Rapha
- A característica mais marcante do jogador brasileiro aqui é a alegria. Os italianos sempre dizem que somos muito guerreiros.

http://www.gazetaesportiva.net/nota/2010/04/13/631268.html

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